quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Anulação

As aparências reclamam
          - uns almejam
          outros tramam -
     mas o fluxo na engrenagem
segue o rumo dos que mamam
     (na impureza dos laxantes
     a certeza que há no logro)

A plateia está domada
          outra vez
     a malandragem
aparece pra dizer
que é inútil ser
     você
e decide o voto
          a quem
          você nem sabe
     o que trama

E toda a trama se estende
anuncia o anunciado
e te pede uma vez
          mais
     (sem querer?)
cumplicidade
e te abate
          na rasteira
          na trapaça
          na ameaça

Até que você descobre
que tanto faz como fez
que o que vale é
     sem valor
que o seu mundo está distante
     o adversário é maior
     e você vai desarmado
          (ou desalmado?
          ou descalço?)
que esta via não te serve
e que a vigência é caduca

Mas o fluxo não dá trégua
     (consumado, consumido?)
e o sonho retorna
          urgente
enquanto você respira
     e se fosse diferente?
     e se não fosse obrigado?
     a propaganda abolida?
     e se não fosse comprado?
     e se a escolha fosse feita
          sabendo
     de quem se trata?
     as ideias que defende?
     os compromissos que banca?
     a verdade que sustenta?
     onde pode ser achado?
          (perguntado e demitido)
     e se tem palavra firme?

Uma ideia então convoca
     (anular a regra-logro
     e ocupar o que te cabe)
à construção do futuro