Acabo de assistir ao clipe “Longe”,
com o Arnaldo Antunes. Ele fala do longe dele e eu estou aqui com os meus
longes. Um longe demais me dói. Me dói demais!
Fiquei pensando nas coisas que a
gente não tem chance de desfazer. E descobri que são todas. Que todas as coisas
feitas não poderão ser desfeitas. Dá até pra fazer diferente da próxima vez,
mas não dá pra desfazer nada do que foi feito.
E como eu queria desfazer algumas
coisas. Mas não posso. Não adianta ficar nisso. Quer saber? Já nem me lembro
das coisas que queria desfazer. E na verdade acho que jamais quis desfazer
algo.
Eu não vou viver pra sempre, mas o
que eu fiz vai.
E a merda feita será pra sempre,
assim como a bola dentro. E é disso que se trata: bolas dentro e bolas fora.
O Arnaldo Antunes se pergunta
aonde foi parar. Depois pergunta onde está você. Diz que não pega celular, não
passa carro, não tem notícias, e-mails, cartas. Que não tem porta ou janela pro
tempo passar...
As minhas perguntas são outras. E
embora eu também tenha cinco sentidos em mim, é um sexto que predomina e me
domina: a saudade! Porque fiquei tão longe, longe, longe... Nisso sou como o
clipe.
E as minhas afirmações também são
outras. Acho. Tenho pertos também. Um pouco mais e um pouco menos. Tenho uns
celulares, vejo uns carros, umas notícias, e-mails. Tenho portas e janelas, e o
tempo passa. Passa de um jeito que não se desfaz.