Em torno da mesa posta,
as fomes são tantas!
Obscuridade.
Em cem anos de segredo,
esconde-se o medo?
Nas faldas da covardia,
o que mais se encontraria?
(para Lorena)
Desde muito o passado
desde pouco a nossa história
e de repente uma nova linha do tempo
Experiências
que podíamos ter vivido juntos
A vivência
que nos deu sentidos
O encontro
que nos trouxe ao mesmo tempo
E as diferenças
que nos amadurecem
As linhas do tempo em tessitura
O olhar para trás e para o agora
é o que as linhas mostram
em primeiro plano
mas há entrelinhas
e muitos outros planos
em que se tece
a coberta para o frio
e em que se fia
as linhas que ainda serão
Quem não enxerga um brilho de esperança
ao desejar os frutos da mudança?
E quem conserva o afã da ingenuidade
entre as bandeiras vistas nas cidades?
Priorizar a força das finanças,
em meio à dor fatal desta matança,
é incontestável: falta humanidade.
É crime vil, perversa atrocidade.
A quem mantém a besta no poder,
uma pergunta simples quer saber:
vocês não têm vergonha disso não?
O que mais querem dar a esta nação?
Minha esperança insiste e ainda tem
um brilho breve e muito querer bem!
Antecedendo a mentira,
o dia do golpe vil.
A tortura ainda mira,
à sombra do céu de anil.
(hoje foram registradas mais de 3000 mortes em um dia,
por COVID-19, no Brasil)
Puta que pariu!
Sem norte, desgraça a morte
em todo o Brasil.
Nem tudo está condenado às tristes consequências da pandemia de COVID-19. Embora o principal responsável pelo descaso que está resultando na maior tragédia sanitária dos últimos tempos continue livremente boicotando o combate à transmissão do novo coronavírus e, com isso, fazendo com que o contágio se alastre e crie o caos na saúde pública, levando milhares de brasileiros para a cova, algumas coisas têm outro destino.
A última fala do imbecil foi uma acusação de que a imprensa criou artificialmente um estado de pânico na população. Chega a ser surreal. Será que ele se dá tanta importância assim para delirar a ponto de imaginar uma conspiração mundial contra o seu (des)governo? Um conluio da imprensa de todo o mundo para fazer a população acreditar em uma doença que, apesar de matar a rodo, não existe? E para derrubá-lo?
O cara se acha!
Mas, em meio a esta insanidade (em todos os sentidos), algumas coisas estão voltando ao normal. Talvez até nem tenham sido afetadas.
O melhor exemplo é a impunidade de corruptos poderosos.
Sim, o combate à corrupção não passou de um soluço. O movimento que parecia ser para valer foi contaminado pela mesma doença que serve de adubo à corrupção. Seus integrantes caíram enfermos. E há quem afirme que seu estado é terminal. É o que me parece também.
Evidentemente, os trapaceiros que posaram de partidários do combate à corrupção já perceberam isto e, como ratos, abandonam o barco rapidamente.
E, enquanto o país segue rachando, provas são anuladas, ritos sofisticados têm prevalência sobre a simples verdade, processos são arquivados, a jurisprudência é posta em contradição, órgãos de investigação são contidos e novas leis são gestadas para a proteção deste estado normal de coisas.
É o que se vê nas principais manchetes. A pandemia corre solta, assim como a corrupção. E seus responsáveis.
Confesso que já tive coceira para acreditar que haveria, de fato, uma conspiração. Mas não a defendida pelo imbecil. Outra. Uma conspiração que explicasse a pandemia e o alargamento da corrupção (e sua impunidade) estarem acontecendo ao mesmo tempo. Assim: a primeira serve intencionalmente para tirar a atenção da segunda. Mas resisti heroicamente. É óbvio que não se trata disto. O que está havendo é apenas uma coincidência. Afinal, coincidências também são coisas normais.
(para Valéria)
Linhas pontilhadas:
luz que passa, luz que não...
Os olhos molhados.