As aparências reclamam
- uns almejam
outros tramam -
mas o fluxo na engrenagem
segue o rumo dos que mamam
(na impureza dos laxantes
a certeza que há no logro)
A plateia está domada
outra vez
a malandragem
aparece pra dizer
que é inútil ser
você
e decide o voto
a quem
você nem sabe
o que trama
E toda a trama se estende
anuncia o anunciado
e te pede uma vez
mais
(sem querer?)
cumplicidade
e te abate
na rasteira
na trapaça
na ameaça
Até que você descobre
que tanto faz como fez
que o que vale é
sem valor
que o seu mundo está distante
o adversário é maior
e você vai desarmado
(ou desalmado?
ou descalço?)
que esta via não te serve
e que a vigência é caduca
Mas o fluxo não dá trégua
(consumado, consumido?)
e o sonho retorna
urgente
enquanto você respira
e se fosse diferente?
e se não fosse obrigado?
a propaganda abolida?
e se não fosse comprado?
e se a escolha fosse feita
sabendo
de quem se trata?
as ideias que defende?
os compromissos que banca?
a verdade que sustenta?
onde pode ser achado?
(perguntado e demitido)
e se tem palavra firme?
Uma ideia então convoca
(anular a regra-logro
e ocupar o que te cabe)
à construção do futuro