Barquinho

Barquinho
                Jair
                Já ir
                Já ira
                Já era

Agora falta
                a família
                e os cúmplices

Quem não sabe que o poder
nunca surge para um só?
Abusou até perder
o respeito, o medo, a dó.

Chora o desgraçado

(golpistas condenados)

Chora o desgraçado,
chora tudo e mais um pouco.
A justiça, enfim!

O primeiro passo

Início do julgamento 

dos golpistas

 

O primeiro passo.
Os passos todos passados
se fazem presentes.

Haibun

Dois amigos se encontram para falar de poesia. No jardim onde conversam, os passarinhos, as pedrinhas do chão, as flores, as folhas e a brisa parecem querer participar da tertúlia.

toc, tec, tic, tuc, tac --
a folha seca caindo
e os galhos do arbusto

A taxa de abuso

A taxa de abuso
está dobrando à direita.
Esquerda, volver!

No amargo do mate

No amargo do mate
e nos amargos da vida...
Boa companhia.

Momentos em que a doçura
é sorvida nas conversas.

O tempo era eterno

(para meu pai)

O tempo era eterno.
E o colo que já não tenho
ainda me acolhe.

As coisas que não falei
se perderam das palavras.

Interrogatório

Interrogatório.
O que você quis dizer,
a gente já sabe.

Vento de outono

Vento de outono.
Os cabelos grisalhos
em movimento.

Cela Collorida

Cela Collorida.
A injustiça humanitária
em seu corolário.

Marca de batom

Marca de batom.
Se precisa explicação,
todo mundo sabe.

Loucos por poder

Loucos por poder.
Continuam sendo loucos
quando têm poder?

Pobre americano

Pobre americano.
Acredita que o poder
lhe conservará.

A injustiça social
permanece conservada. 

O céu carregado

Para Valéria

O céu carregado
emoldura a tarde quente.
O que é permanente?

Esta saudade alimenta
o que ainda me protege.

Oito de janeiro

Quando um covarde comanda,
o que sobra é covardia.
O covarde, aos tolos, manda
e se esconde, espera, espia...

E se a coisa então desanda,
ele trama uma anistia
e deixa toda a lambança
à boiada que o seguia.

Um covarde só prospera
quando enfrenta outro covarde,
como fossem duas feras...

Mas, se há gente com coragem,
mesmo que pareça tarde,
não haverá vassalagem.

O céu todo cinza

O céu todo cinza
e essas rosas tão vermelhas!
Fico no quintal.

Poema de ano novo

Quanta esperança e sorrisos!
Quantos olhares brilhando!
Quanta certeza nos sonhos!
E quantos sonhos na rua!

Os novos dias chegando,
e a vida entrando em seu ritmo.
As velhas coisas de sempre.
Que realidade nos sobra?

Ligo o jornal na TV,
ouço as primeiras notícias,
e então respiro em silêncio.

Os que de fato comandam,
há muito tempo, a propósito,
não sonham tal como nós.

Virar outra chave

Virar outra chave

e começar de onde estou.
As duas agendas.