Sinaleiros são locais
de encontros inesperados, exceto em época de eleições, quando se encontra, invariavelmente,
em todos os cruzamentos da cidade, um maldito carro de algum maldito candidato
com uma maldita caixa de som gritando malditas promessas vazias e um maldito
número nos nossos malditos ouvidos!
Maldição era
outra coisa até inventarem essas campanhas.
Como desgraça
pouca é besteira, confirmando a cruel sabedoria de minha avó, um motorista à
minha frente não suportou tanta maldição e, depois de amaldiçoar a mãe do
candidato, meteu a maldita mão na maldita buzina de seu maldito carro, naquele
maldito sinal vermelho. Não deu outra: malditos xingamentos por toda parte...
Devo ser vítima
da maldição de alguma bruxa a quem devo ter feito um grande mal em outra
encarnação, pensei.
Mas, apesar de tanta
maldição, trafegar é preciso e os cruzamentos fazem parte de qualquer trajeto
e, portanto, trafeguemos, pois será necessário transpor este congestionamento
verborreico.
Sinal verde,
caminho de casa.
No meu bairro, é
normal ouvir o carro de som do sacolão anunciando as ofertas do dia e as
qualidades das hortaliças, legumes, frutas... Isso não me incomoda, e jamais
ouvi qualquer reclamação a respeito. Seria por que o sacolão me entrega aquilo
que anuncia?
Em época de
eleições, os carros de som dos sacolões precisam disputar audiência com os dos
candidatos.
Confesso que não
sei se os marqueteiros que adotam este tipo de campanha eleitoral para seus
candidatos acertam ou erram. Duas razões sustentam minha dúvida: a) a reação
negativa a este tipo de propaganda manifestada por muitos eleitores e; b) a
baixa eficiência da mídia escolhida para este tipo de campanha. Explico:
lembro-me dos preços da cebola e da batata anunciados pelo sacolão, mas não me
recordo de qualquer proposta política dos candidatos que usam este tipo de
anúncio.
De minha parte,
tento conviver com o barulho, embora com alguma irritação indisfarçável em
relação aos candidatos que lançam mão deste recurso.
Mas, e você, o
que pensa fazer nas próximas eleições? Exercer o direito democrático de escolha
de seus representantes ou comprar batatas?
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